A sociedade do pós- Idade Média portuguesa necessitava de se habituar à novas ideias e aos novos conceitos que assolaram o século XV. O tempo de elaboração do manuscrito deveria ser encurtado de forma a corresponder ao novo ritmo característicos dos novos tempos.
No entanto, a multiplicação barata e rápida de livros só encontrou resposta com a invenção de Gutemberg. A impressão veio alterar as relações culturais, políticas e económicas da Europa, algo que se mantinha imutável desde há muitos séculos.
Transpondo as fronteiras Alemãs, a arte tipográfica chegou até Portugal em 1487 pelas mãos dos judeus.
Por volta de 1490, os Reis Católicos Isabel e Fernando, ordenam a expulsão de todo o povo judeu do território espanhol. Tal acontecimento, massifica a entrada judaica em Portugal e altera a estabilidade da comunidade hebraica presente no nosso território. A sua presença, contudo, foi abalada com a emissão do um édito por D. Manuel I que ordenava a expulsão dos "herejes descrentes da cruz". Embora, a comunidade fosse impedida de sair do nosso país por via marítima, o que, permitia a sua presença em Portugal.
Pressionado pelo Clero e pela Nobreza, que acusaram o Rei de ser muito tolerante, bem como as ameaças de Espanha vizinha, D. Manuel I, acaba por proceder ao aniquilamento de todas as oficinas hebraicas em Portugal.
O que, segundo Ribeiro Santos, terá sido um grande erro:
" O ódio com que olhávamos os hebreus (...) o temor de que por meio da impressão se propagassem as doutrinas de Talmud (...) excitaram os clamores de alguns cristãos que, com mais piedade do que sabedoria, desaprovaram indistintamente todas as obras de hebraísmo e trabalharam por arrancar em seu mesmo nascimento este ramos de literatura sagrada, de que podíamos ter colhido grandes frutos"
Aquando da assinatura do édito, já haviam sido impressos em Portugal, dois livros "O Sacramental" e o "O Tratado de Confissom", ambos em Língua Portuguesa e no concelho de Chaves. Mais tarde, chegaram até ao Território Português impressores alemães que foram responsáveis pela impressão da maioria dos nossos incunábulos.
À Tipografia introduzida em Portugal por artistas judeus, não pode ser escamoteado o seu papel civilizador e motivador, que fez com que os portugueses se reencontrassem com a Europa e com o Mundo.
A tipografia portuguesa terá sido marcada, nos seus primórdios, pela estética espanhola, uma vez que Zamora, Barcelona e Sevilha foram alguns dos mais importantes centros impressórios da Europa
Bibliografia: Pacheco, José. 1999, A divina arte negra e o Livro Português, Editora: Vega
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